terça-feira, 29 de maio de 2012



“O não ter respeito a alguns, é procurar, como a morte, a universal destruição de todos.”
Henri Montherland

Na aula de ontem uma proposta foi apresentada aos meus alunos: escreva algo sobre uma pessoa que você admira ou sobre uma pessoa que não admira.

As opções do livro (porque livros didáticos ainda cometem essas gafes?) me surpreenderam. Eu pensei – “como assim, escrever sobre alguém que não admiramos???”

Existem pessoas que fazem isso?... Falam publicamente mal das outras? Tristemente me lembrei que sim... E que isso é de uma facilidade imensa... A facilidade com a qual certas pessoas denigrem as outras, são levianas em suas formas de expressar, e os lugares e momentos que escolhem para fazê-lo são tão ou mais incompreensíveis...

Como eu faria isso numa sala de aula?... Como vou incentivar um aluno a fazer aquilo que eu penso ser tão distante-humano?

E pensando, fui interrompida por um aluno que no auge de toda sua respeitosa e admirável experiência de vida me disse: “Eu aprendi algo nessa vida. Se não possui nada de bom para falar das pessoas, então não fale nada!”

Que pena não sermos todos assim...

sexta-feira, 11 de maio de 2012


Não que não tenha surgido nada que tenha me feito refletir nesses últimos meses. Surgiram e não foram poucas, mas estamos mesmo onde escolhemos estar e hoje escolhi estar aqui...
“A cada dia que vivo,
 mais me convenço de que
o desperdício da vida está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca
e que, esquivando-nos do sofrimento,
perdemos também a felicidade.”
Carlos Drummond de Andrade

Da Demasia Humana - Das Coisas que eu não Faria...

Ontem um dejà vu me botou a refletir e consequentemente a escrever a respeito. Eu já havia ouvido de algumas pessoas frases do tipo “eu jamais faria isso que você fez” diante dos meus relatos de experiências vividas. Em particular essas experiências se tratavam dos longos anos que se passam ao lado de uma única e exclusiva pessoa e em outra experiência, às totais e conscientes anulações que nos causamos para viver uma história.

Ora, o tal “eu jamais faria isso” sempre me produziu uma espécie de – sou diferente de você, uma versão melhorada, portanto não faria isso que você fez. É um comentário confuso... Faz parecer que o que eu fiz foi errado, pouco inteligente, desperdício, algo de ruim, enfim. E claro, por consequência, faz parecer a autora dos atos – eu, um ser de decisões e atos inferiores aos olhos dos donos do enfadado comentário.

Eu já sabia disso, mas o dejà vu reforçou minha conclusão. Pra todas essas pessoas que tenham feito ou ainda possam fazer tal comentário a respeito da vida que vivi, eu tenho a mesma pergunta: “Como você pode saber??” Como pode saber que não ficaria todos esses mesmos ou mais anos ao lado daquela pessoa?... Como pode saber que desistiria, que mataria dentro de si tudo aquilo que sabe que é certo, só pra poder viver aquela história fadada ao fracasso só mais um pouquinho, na esperança de que desse tudo certo? A resposta, meu caro, é sempre a mesma. Um belo e sonoro: “Você não sabe!”... Não sabe, porque não viveu essas histórias, essas histórias não são suas!

Só há uma maneira de levantar o duvidoso troféu do “eu não faria isso” – Viva a história. E as notícias não são tão vitoriosas assim – porque ainda que o faça, não quer dizer que esteja livre de nunca mais repetir esse ou aquele ato.

Mas por outro lado, suas conclusões diante das experiências alheias, talvez tornem-se bem menos generalizadoras.

É, meu caro...  Somos todos demasiadamente humanos. Nossa demasia está em tantos lugares, e aqui ela reside justamente na fórmula que tantos de nós gostamos de verbalizar: a fórmula não+ia é um tanto perigosa... Porque ela te surpreende!

Mas... Eu torço, de verdade, para que sempre se surpreenda! Pra que sempre se permita fazer aquilo que tantos não fariam...