terça-feira, 11 de janeiro de 2011



Você conhece pessoas bem próximas, familiares principalmente, que falam com você por educação? Aquelas pessoas que você tem a impressão de que se não te conhecessem sairiam correndo de você na rua se acaso você pedisse uma informação?

Tem uma lista imensa pras possíveis razões, mas a maior delas é que vocês são extremamente diferentes – música, cinema, roupas, tatuagens e piercings (que essa outra pessoa, claro não tem), lugares, escolhas, pessoas, enfim, se for enumerar não acaba mais, de tanta diferença que tem. E aí, essas mesmas pessoas vão te reduzindo por estas características, como se não houvesse nada de bom por detrás daquela pessoa com aquela roupa esquisita, aqueles gostos musicais estranhos, aquela pilha de livros e filmes tão desinteressantes.

Falam com você, porque o que unicamente justifica uma coisa dessas, como não falar com outra pessoa é se esta pessoa te fez algo de ruim, vocês brigaram, se ofenderam, se estapearam, sei lá!

Criam rótulos, te enxergam somente através deles, não se aprofundam, não encontram prazer nem beleza na diversidade, no diferente...

60, 59, 58, 57, 56...



Sei lá o que houve, suponho que essas coisas não se forcem, apenas acontecem e eu voltei...

            Minha amiga promoveu uma baixaria dia desses. Calma, não vou tornar isso um blog de fofocas – Foi uma “baixaria” na Internet. Mais de uma dúzia de filmes baixados e todos com um tema em comum. Para que saibam do que se tratam, vejam os títulos dos três que consegui assistir – “A proposta”, “Cartas para Julieta” e “Casa comigo”. Tudo isso para animar meu finalzinho de férias – assistir filmes que não exigem muito da massa encefálica. Serviram pra me distrair pelo menos, para dar umas risadas. Mas todos eles com mais do que somente isso em comum – oferecem o final feliz previsível que só Hollywood é capaz, ou seja, o altar como pano de fundo... Ai, ai!

            O interessante é que o mais chatinho de todos foi o que me chamou atenção, porque surpreendentemente apresentava uma idéia original – o que você recolheria em sua casa se ela estivesse pegando fogo e você só tivesse 60 segundos?...

            Basicamente, o cara que pede a mocinha em casamento, apenas o fez porque a preferência da venda do apartamento de seus sonhos seria dada a um casal e não a alguém solteiro. Diante deste fato, a mocinha aperta o botão de incêndio do referido apartamento no meio de uma festa, como forma de “vamos ver no que dá!”

            E lá vai ele ao som do alarme de incêndio recolhendo lap tops, Ipods, eletrônicos de todo tipo e só depois de estar com as mãos abarrotadas de tudo que podia carregar, ele chama – “Anna, vamos! Peguei tudo!” Fica ao fundo aquele silêncio e carinha de decepção da moça. O resto você imagina – Sim, ela casa, mas com outro cara, afinal como pode um final sem casamento?
            E eis que cansada do ar Hollywoodiano, quis mudar um pouco de ares e fui radical – filme brasileiro e toda a realidade proporcionada! “Divã” me mostrou experiências e desejos completamente diferentes, sobre pessoas que escolhem ficar sozinhas depois de anos juntas, que escolhem caminhar na direção oposta. É um filme que marca o desejo de libertação. É sobre pessoas que tornam-se livres para dar vazão às suas instabilidades interiores e passam a beber na fonte original do desejo: o livre-arbítrio e uma capacidade individual de autodeterminação. Aqui, a autodeterminação de aprender e observar atentamente o que estão recolhendo enquanto vivendo, enquanto uma contagem regressiva não muito exata também está acontecendo.

            Tic-tac...