“How
can you expect a person who was raised on a desert to swim like a fish?”
Elizabeth
Bishop
Sabedoria
é algo que não necessariamente nasce da mesma fonte. Ela brota dos lugares mais
inusitados e se combina às mais diferentes possibilidades. Essa citação acima,
por exemplo, da considerada uma das poetisas americanas mais importantes do
século XX veio de encontro direto com uma das personagens mais conhecidas do
brasileiríssimo Jorge Amado – Gabriela! É dela que vem aquela síndrome tão
conhecida por nós, a Síndrome de Gabriela, já ouviu falar?... Bom, resume-se em
“eu nasci assim, eu cresci assim...”
E assim, supomos que os cidadãos que possuem a Síndrome de Gabriela também
morrerão assim. Pelo simples e lamentável fato de não acharem possível, ou
simplesmente não terem o menor desejo de mudança.
Existem
coisas que se colocam como um impedimento para mudar: porque representam uma
desconfiguração por vezes muito grande de nossas personalidades e claro, isso
assusta! Mudar significa aventurar-se por terrenos desconhecidos. Corajosos são
os que se propõem a pisar lá. Digo corajosos, porque sempre haverá quem diante
da citação acima diga que não é necessário se tornar um peixe para ser aceito,
ou gostado. Com toda certeza, mas o famoso “quem
tiver que gostar de mim, vai ter que gostar como eu sou” cria uma zona de
conforto enorme e por vezes perigosa. Faz com que nos sintamos à vontade para
permanecermos para todo o sempre do jeito que somos. Eu não tenho pretensão
nenhuma de me tornar um peixe. Não sou um, não me daria bem como um. Mas penso
que as habilidades de um peixe acrescentariam tanto na minha vida de quem foi
criada no deserto. Não quero para o resto da vida ter habilidades de
sobrevivência que só servem para as regiões secas e sem água... Você nunca sabe
o que ai encontrar por aí!
Há
um programa na TV chamado “Magros versus
Obesos”. É estereotipado e exagerado, mas quando vi, me propôs uma grande
reflexão. Nele os participantes sofrem uma mudança chocante nos seus hábitos
alimentares ruins para avaliarem se isso os faz repensar como comem e vivem. A
moça de braços finos que até parecem que vão quebrar precisa comer no café da
manhã porções de presunto com ovos e bacon, aquelas rosquinhas enormes e
açucaradas, acompanhadas de refrigerante. E aquele cara trajando roupas que parecem
terem sido feitas sob medida de tão grandes, tem que se contentar com um prato
branco e grande coberto apenas de três vagens, um ovo de codorna e um frango
grelhado pálido. O que eu me pergunto se os dois participantes sentiram, além
da extrema dificuldade em comer o que lhe foi apresentado é o quanto era
difícil para o outro comer o que eu facilmente comeria. Nenhuma das duas dietas
é ideal, mas a combinação das duas poderia ajudar os dois lados.
O
grande e humano prazer de aprender com o outro. De pensar fora dos nossos
limites para concluir que o que é fácil para nós pode representar um grande
desafio para o outro e vice versa. Mas que os benefícios para quem se aventura
são tão engrandecedores, que todos fariam se soubessem disso. Tomariam formato
em seus corpos que fariam seus interiores mais felizes. E a gente sabe - quem é
feliz por dentro, reflete por fora. E claro, isso não deve ser porque foi
dormir e acordou todos os dias iguais. Somos produto da transformação e que bom
que isso se dá em contato um com os outros.