domingo, 27 de março de 2011

Agressividade martelo e bigorna




A professora de canto havia dito que mudaríamos de apostila. Que depois de passarmos pela primeira - com tessituras, sustentação das notas, exercícios de afinação, respiração e tudo o mais técnico, passaríamos agora a praticar vocalizes e complementaríamos com o meu repertório. Trabalharíamos outras técnicas a partir das músicas que eu escolhesse.
            Aí fui pega de surpresa. Constatei na aula de canto, como quem constata no divã do terapeuta ou numa simples reflexão, um fato que está comigo desde que nasci, muito provavelmente, mas que tem me incomodado muito mais nestes últimos dias - eu não assusto ninguém! Não boto medo! Simplesmente não fico brava. Bom, na verdade eu até fico, mas raramente estouro, raramente exteriorizo.
            Você pode até pensar que isso é uma grande qualidade, porque eu não me meto em bafões e sou sempre educada com as pessoas. Mas não, é uma droga! Porque fico com aquela ira todinha só pra mim.
            Voltando à aula – escolhi um sambinha que propõe uma discussão. De uma pessoa que está bastante irada com o outro, que não está dando conta do recado, anda sem atitude e aí ela sai com essa de “vou sair por aí” e quero ver o que você faz com relação a isso. E eis que vem minha professora me cortando no meio da minha cantoria, dizendo “Não, não, não!!! Ta tudo errado!” que preciso mesmo é interpretar isso e cantar (passar essa mensagem) com mais agressividade.
Confesso que tenho treinado, mas não se torna uma pessoa agressiva nas palavras assim, da noite pro dia! Então resolvi tentar por aqui, que é meu recurso mais fiel – não digo que vou a partir de agora ser agressiva nas coisas que falo e sim tentar passar com bastante clareza minhas mensagens. Eu bem me conheço, as aulas de canto ainda não me deram toda a autonomia de ser tão agressiva como muitas vezes se faz necessário, mas continuo na luta! Vamos aguardar as próximas cenas da minha fase agressiva, ou aspirante de agressiva (rs!), para ficar mais ou menos assim:

Muito do que eu faço
Não penso, me lanço sem compromisso.
Vou no meu compasso
Danço, não canso a ninguém cobiço.
Tudo o que eu te peço
É por tudo que fiz e sei que mereço
Posso, e te confesso.
Você não sabe da missa um terço
Tanto choro e pranto
A vida dando na cara
Não ofereço a face nem sorriso amarelo
Dentro do meu peito uma vontade bigorna
Um desejo martelo
Tanto desencanto
A vida não te perdoa
Tendo tudo contra e nada me transtorna
Dentro do meu peito um desejo martelo
Uma vontade bigorna
Vou certo
De estar no caminho
Desperto.

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