domingo, 27 de março de 2011

Colherinha de chá

Os três textos a seguir possuem citações e inspirações que tive nos últimos dias e são quase todas musicais  – das aulas que assisti, das músicas que ouvi. Eu sei que vou soar repetitiva, pois já devo ter dito isso aqui, mas me parece que a inspiração se faz da soma de pequenos detalhes que vivencio, por exemplo – pode haver inspiração numa “teaspoon”? Aliás, devo dizer, que sempre gostei do som dessa palavra – teaspoon! Que em inglês quer dizer colher de chá.
Na minha primeira aula de tradução, nós discutimos sobre os desafios da tradução e tínhamos uma tarefa aparentemente simples – traduzir uma receita de panquecas tipicamente americanas. Porém, ao fazê-la, notei o quanto muitas coisas tiveram que ser adaptadas para que literalmente atendesse às necessidades da nossa língua portuguesa. Tudo bem, fizemos, aprendemos, discutimos e entregamos. Mas aquilo, pelo menos pra mim, ainda renderia outros frutos – a “teaspoon” em si e as adaptações necessárias da vida para que as receitas funcionem!
Me lembrei da colher de chá, porque um amigo dia desses, estava me contando o quanto as pessoas até desejam se envolver com as outras, mas sempre numa medida muito pequena, é como se elas dissessem : olha, no meu envolvimento com você, estou disposto a doar apenas esta medida – uma colher de chá, o resto eu não vou estender a você, fica somente comigo e se quiser vai ser assim! E aí, ficou para o meu amigo a difícil tarefa de decidir se a medida que a garota tinha a oferecer, era a medida necessária para se agregar aos outros ingredientes e fazer o seu bolo crescer, fazer a receita dar certo!
Porque as pessoas escolhem se envolver, se não estão dispostas a se entregarem por inteiro? Se entregar por inteiro não quer dizer se perder de você, perder tuas defesas, tua personalidade e ficar a total disponibilidade do outro! Se envolver por inteiro, é admitir o que se sente, é sair, e sempre poder voltar pra você mesmo, não se perder no outro, afinal, não é necessário quebrar os ovos para fazer a omelete?...
Se as pessoas não estão dispostas ou não sabem como se faz a tal entrega, então não me venham com a colherinha de chá. Mas nem tudo está perdido! Há várias outras opções para pessoas assim – procurar na multidão pessoas que estejam também segurando suas colherinhas ou ficar sozinho, pois afinal, se o restante que você não está disposto a dividir é tão incompartilhável, então isso tudo deve dar conta dos teus momentos consigo só, não é?... Pessoas assim não precisam de pessoas, precisam de momentos superficiais.
Ah, a qualidade do vídeo que achei é tosca, mas a música é mais que ótima e expressa bem o que eu quero:


Meu amor, minha flor, minha menina
Solidão não cura com aspirina
Tanto que eu queria o teu amor
Vem me trazer calor, fervor, fervura
Me vestir do terno da ternura
Sexo também é bom negócio
O melhor da vida é isso e ócio

Isso e ócio
Minha cara, minha Carolina
A saudade ainda vai bater no teto
Até um canalha precisa de afeto
Dor não cura com penicilina
Meu amor, minha flor, minha menina
Tanto que eu queria o teu amor
Tanto amor em mim como um quebranto
Tanto amor em mim, em ti nem tanto
Minha cora minha coralina
mais que um Goiás de amor carrego
destino de violeiro cego
Há mais solidão no aeroporto
Que num quarto de hotel barato
Antes o atrito que o contrato
Telefone não basta ao desejo
O que mais invejo é o que não vejo
O céu é azul, o mar também
Se bem que o mar às vezes muda,
Não suporto livros de auto-ajuda
Vem me ajudar, me dá seu bem
Meu amor, minha flor, minha menina
Tanto que eu queria o teu amor
Tanto amor em mim como um quebranto
Tanto amor em mim, em ti nem tanto



2 comentários:

  1. Sempre leio, nunca comento.
    Pq sempre leio na correria... e essa correria tb se qualifica como um 'forçador' de oferecer só uma colherinha... oferecer só uma colherinha pra vida, pq o resto tá ocupado... o seu texto serve de carapuça pra várias coisas, não só no envolvimento sentimental... quantas vezes não oferecemos só uma colherinha pra tanta coisa da nossa vida nao é mesmo? Gostei muito... na verdade sempre gosto do que escreve... e sinto falta das nossas caminhadas meio divã... rs bjs

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  2. Êba! Só agora li o comentário... Também sinto falta, valeu por tudo, sempre! Bj!

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