domingo, 9 de outubro de 2011


Na total e semelhante fora de ordem:

Farinhar bem, derramar a canção
Revirar trens, louco mover paixão
Nas direções, programado e emoldurado
Esperarei romântico

Pousa-se toda Maria
no varal das 22 fadas nuas lourinhas
Fostes besouro
Maria
e a aba do Pierrot descosturou na bainha

Sou a pessoa Maria
Na água quente e boa gente tua
Maria
Voa quem voa
Maria
e a alma sempre boa sempre vou à
Maria

Tou vitimado no profundo poço
na poça do mundo
do céu amor vai chover
Tua pessoa
Maria
Mesmo que doa
Maria
Tua pessoa
Maria, mesmo que doa Maria!
(Marisa Monte)

Este texto foi “levemente” modificado. Antes ele apenas continha: “Como das poucas vezes que escrevo e não digito, como das vezes que escolho as cores do meu dia. O branco é só uma cor. E quem determina as várias tonalidades desse branco são os olhos do autor.” Porém hoje, diante de uma observação de uma leitora senti a necessidade de levar abaixo da figura um pouco mais que frases. A pergunta dela foi: “Porque só o é colorido e o aparece em preto?”

Eu sei bem a resposta, mas até hoje quando ela me perguntou não sentia a necessidade de sintetizar isso, era o tipo de coisa que só a mim bastava saber, mas precisei explicar a ela e ao fazê-lo, arrastei as explicações para cá.
(...)
Houve um tempo em que eu não gostava do meu segundo nome. Sei lá porquê. Mesmo agora me parece estranho dizer isso, afinal o assumi e o acho tão característico, tão característico que conheço pessoas que me chamam assim e até mesmo eu, quando me perguntam – “É Fabiana de quê pra eu anotar aqui?” digo sempre apenas – Fabiana Maria!

Nem eu acredito quando acho coisas e papéis antigos e vejo que escrevia Fabiana M. Baptista. E o interessante é que eu me lembro com exatidão a época em que adotei o Maria de vez. Não que agora eu saiba exatamente como me definir e saiba te dizer com precisão quem eu sou e as coisas que quero. Estou bem longe disso... Porém uma coisa me parece clara – Houve sim um divisor de águas. Isso tem um pouco mais de dois anos e de tudo que se passou de lá pra cá, a única certeza que tenho é que quando aquele momento me aconteceu, eu fui apresentada à uma outra parte de mim que eu não conhecia. E essa parte era totalmente diferente de tudo que me constitui e de tudo que eu achava certo, desejável e sei lá “normal”. Era como o meu “the dark side of the moon”. Coincidentemente ou não, a partir dali eu passei a assinar somente assim.

E num desses dias de ócio criativo, com um papelzinho e canetas coloridas comecei a fazer aquilo que muitos fazem quando um papel em branco está à sua frente – rabiscava meu nome todo em cores, mas mesmo cheio, os espaços em branco pareciam me gritar pedindo algo. Peguei a única cor que ainda não tinha usado e os preenchi com “Marias”

Os fiz abreviados em Fás e s para que coubessem cada vez mais. E mesmo inconsciente desse desejo é como se eu dissesse ao papelzinho (porque todos que escrevem, querem comunicar algo ao papel, daí o amedrontamento citado por Cecília Meireles diante da folha em branco - Afinal, o que eu escrevo?... O papel é para o escritor, o quê uma platéia é para um ator) – Prazer, eu sou Fabiana Maria (e agora é de verdade)
(...)

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