domingo, 28 de outubro de 2012



A importância do lado “ruim” das coisas

             Dias atrás, falando com um amigo muito perspicaz e libriano, ele me lembrou das características mais marcantes deste signo. A maior e mais notória de todas talvez esteja em seu símbolo – a balança, a busca pelo equilíbrio. Mas o mesmo amigo reconheceu que muitas vezes, os nativos deste signo, ao buscar pela tão desejada harmonia, muitas vezes se descontrolam e desequilibram. Muito disso pode estar em outra característica bem marcante deles – a busca pelo belo! Os librianos tem um tino tão apurado pelas coisas belas, que muitas vezes querem pesar na balança apenas elas! Mas oras, isso é contraditório para uma balancinha, não acha?

Todas as coisas possuem importância, logo, todos os lados também são belos! Será possível então dessa forma encontrar beleza na tristeza, na saudade ou no peso? Ou será que somente a alegria, a presença e a leveza possuem seus méritos? Se acaso todos os lados não forem considerados, a tal balança ficará descompensada, chegando enfim à outra característica deles – a dúvida! A dúvida no que distribuir dos dois lados.

Talvez seja mesmo mais fácil, mais previsível, mais imposto em nossa vivência que somente coisas positivas devam fazer parte de nossa vida. Mas eu pergunto: haveria claridade, se não houvesse a escuridão? Haveria som se não houvesse o silêncio?... Logo, o que seria do positivo, se não vivenciássemos também coisas negativas?... Já consigo pensar aqui, de bate pronto que milhares de sambas não teriam sido escritos, se não fosse pela tristeza!

Falemos mais a respeito da mal fadada e indesejada tristeza - Quando eu digo da necessidade de nos sentirmos tristes, não me refiro a uma tristeza que vai te trazer uma depressão severa, 20 quilos a mais na balança, perda de emprego e pulsos cortados! É uma tristeza que dá importância às coisas – a todas elas! A tudo que as pessoas falam, comentam e pensam! Oras! Sou um ser passando minha existência nesse plano espiritual. Então, tudo que ouço é importante sim! Inclusive as coisas que permito que me deixem triste. Uma tristeza sábia, que conhece o seu tempo e a sua vez e que depois de sentida permite que eu faça melhor as minhas escolhas – quem eu quero e quem eu não quero fazendo parte do meu ciclo de vida? E por falar em vida, quem não quer qualidade na sua? Para que haja, é necessário que algumas coisas sejam separadas, que uma plaquinha com dizeres: “meu coração é uma casa com um ritmo tocando. Quem não sabe ou não quer aprender a dançar a música que toca aqui dentro, eu nem atendo a campainha” seja visualizada por todos.

Talvez, subestimemos o “ficar triste” ao aceitar ou não achar grave as coisas que ouvimos. Ao não darmos importância ao que escutamos. Dar importância é se dar importância. Eu, de minha parte me preocupo cada vez mais com a capacidade que o ser humano tem criado em não se indignar com certas coisas. Ao achar que tudo é aceitável e tudo é normal. Não raro, este mesmo ser humano se decepciona em algum momento e nem se dá conta do quanto foi responsável por aquele desfecho, por aquele permissivismo todo! - É um rir de tudo, achar graça em tudo. Porque afinal de contas, tudo é uma grande piada e a gente tem mais é que rir. Dia desses escutei uma pessoa chamando o amigo de macaco, e todos, mas todos mesmo, inclusive o negro em questão acharam engraçado! São piadas tão desagradáveis, pejorativas e desnecessárias, sobre deficientes, raças, nomes pitorescos e aí a gente é obrigado escutar que é “é tudo piada, gente!” Me assusta de verdade, essa graça toda que eu não vejo.
           
Há uma cumplicidade e uma aceitação tão grande nas pessoas que tudo de fato é uma piada. E quando eu vejo a gravidade, dou importância e fico triste com certos quadros, sou tachada de chata, literalmente de “sem graça...” Gente!!! Eu não vejo mesmo graça nenhuma nessa equipe super bem engajada em montar picadeiros enormes onde ora somos os palhaços sendo aplaudidos por nossos comentários infelizes e ora somos a platéia que alimenta essa sujeirada toda! Quando é que as pessoas vão se dar conta dos circos que armam? Quando vão perceber que trazem isso pra suas vidas em todos os aspectos, inclusive os tão delicados sentimentais?

Ao recusar a tristeza, arrastamos uma vida cheia de máscaras e fingimentos. Uma vida que tem uma alegria falsa, um não encarar de frente as coisas. Escolhemos pessoas que não nos amam, não nos valorizam e não se interessam pelo nosso interior para estarmos lado a lado, gente que literalmente faz piada dos sentimentos que temos. E vamos construir o quê com essas pessoas? O que elas vão nos agregar? O que diabos elas estão fazendo aqui do lado de dentro? Porra! Me assusta que a mulherada, goste tanto de levantar a bandeira da independência sexual, financeira e sentimental e esteja todos os dias vivendo um maldito e retrógrado “ruim com ele, pior sem ele.” Que isso, mermão?...

Não se trata de uma negatividade, de uma tristeza, de um lado ruim puro! Trata-se de uma sanidade de quem hoje caminha pelo lado luminoso da vida, mas sabe o quanto coube de escuridão pra que a claridade chegasse! De quem acredita tanto no ser humano, que se entristece sim e muito, cada vez que vê um vacilo sair de um ser que é tão capaz de fazer o bem!

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