domingo, 22 de agosto de 2010

For the times, they are changing...



Quando cheguei algo muito estranho aconteceu... Abri a porta do quarto e tomei um susto! Tudo era novo, tudo era diferente pra mim! Após duas semanas longe daquele lugar que era tão familiar, estava tudo exatamente onde deveria estar e da mesma forma que deixei, então como poderia isso ser estranho? O quarto não mudou! O que mudou então, o que havia de novo e de diferente ali? - Meus olhos, meus olhos é que estavam bem diferentes, foi o que constatei.
Observei bem o que mais chamava a atenção da estranheza do meu olhar e às coisas com as quais havia me desacostumado – há uma cama, ou seja, quando me levanto pela manhã ou as várias vezes durante a madrugada, sem sono, eu me sento, e não me agacho como no colchão de poucos dias atrás. Na cama, há vários travesseiros, com os quais me acostumei e cheguei mesmo a pensar que sem os quais eu dormiria mal... tsc, tsc.... Há também uma mesa de computador com uma cadeira confortável, na qual eu me sento, com postura ereta para fazer o de sempre – preparar e corrigir aulas, falar com meus amigos, ler e responder meus e-mails e a descoberta mais fantástica e recente – excluir todos os sites de relacionamentos que eu tinha. De repente me pareceram tão vazios e sem propósito, que os excluí imediatamente... E que alívio ao fazê-lo! Que boa a sensação de perceber que não faz sentido nenhum possuir algo que expõe tuas fotos, teus gostos, tuas escolhas para os outros e que não diz nada a você mesmo.... Há ainda, lugares para todas as minhas coisas – prateleiras para meus livros, armários para os meus sapatos, guarda roupa e gavetas para minhas roupas e acessórios. E quanto de tudo isso há! Sinto falta da época em que comprava qualquer coisa, por que de fato precisava dela. Como um novo par de tênis, por exemplo... Só os comprava, porque os que eu tinha rasgaram. Agora tenho tantos pares de tantas coisas que eu nem precisava, mas ainda assim adiquiri! Senti que quase tudo que havia ali era desnecessário e que além disso, me faziam sentir presa e necessitada de tudo aquilo. Me senti até mal no meio de todos aqueles supérfluos e muito me perguntei se eu sobreviveria sem tudo aquilo... E de verdade, eu quis novamente tentar – tentar estar em lugares onde tudo aquilo que me parece familiar não está comigo e tem que ser adaptado ou substituído por coisas e também atitudes mais simples. Pude ver o quanto nada daquilo me fez falta e dessa forma, também percebi a única coisa que me fez uma certa “falta” e que me botou pra pensar nestes dias.
Eu ouvi algo há um tempo que ainda não está completamente digerido, por assim dizer. Não porque tenha sido dito de forma complicada, na verdade foi bem direto e claro. Eu é que ainda me demoro a entender o real significado que isso tem pra mim. Bom, a única coisa que me causou estranhamento por não estar mais ali, que me fez dizer “puxa, mas onde está isso?” foi minha cachorra, que morreu três dias antes de eu partir. E foi exatamente essa falta que me lembrou o dito que me põe agora a pensar.
(A fala em si, caro leitor não é para estar aqui, reproduzida ao pé da letra. E é sim, porque não quero dividi-la com ninguém! Quero apenas escrever sobre, produzir um desabafo, por achar sim, que sou um pouco mais que apenas um recorte daquilo que se vê)
Estou vendo uma espécie de processo contrário acontecer comigo. Não que eu de repente tenha desgostado de cães, eu ainda gosto! Mas gosto também de muitas outras coisas, não é um único e limitado gostar. Vejo que eu também achei por muito tempo, que iria eternamente gostar de todos eles, incondicionalmente, me limitando assim às tais explicações-clichês que todos dão – “cachorros são amáveis, carinhosos, presentes, fiéis, obedientes e sobretudo, não promovem falhas de comunicação”. Mas vejo que não foram tais explicações que me fizeram incorporar tanto esse universo à minha vida. Vejo que foi porque havia nela uma personalidade que me fazia feliz e que não se encontra tão facilmente em seres da mesma espécie. Engraçado, como tudo na vida é assim, até pra criaturas tão previsíveis como os cães...
(...)" e não critiquem aquilo que não podem entender, pois os tempos estão mudando..."

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