terça-feira, 22 de novembro de 2011


Fiquei o dia todo assistindo filmes e séries em inglês. Tendo estado mergulhada e cercada daquele ambiente, senti uma necessidade de expressar a veia da inspiração na mesma língua naquele dia. Mas hoje, muito mais em contato com a minha própria identidade e língua em carne viva, não tão à minha vontade em contato com tudo aquilo que ainda não entendo, senti que deveria expressar melhor, desenvolver melhor. Dizia eu: sinto cada dia mais o enorme abismo que me separa das pessoas. E isso, entre outras coisas tem produzido em mim um enorme cansaço!
           
Cansaço de achar que quem construiu o abismo fui eu... Estou cansada de fingir que as pessoas são interessantes quando na verdade não são, e não sabem falar de outro assunto que não elas mesmas, cansada das pessoas que acham que são tão importantes que mais nada no mundo as interessa, a não ser elas mesmas. Cansada de fingir um interesse na vida alheia, quando na verdade tudo aquilo me entoja. Cansada de quem acha que tenho que agir como a maioria, como uma vaquinha de presépio e não se percebe que eu tenho vontade própria. Mas mesmo muito cansada de quem assiste esse desfile de mergulhos rasos e aceita como é. Estou cansada do lugar comum, das frases feitas, opiniões rígidas, de gente dura que gosta que sejamos condescendentes com suas fraquezas. Estou cansada dos fracos, dos tolos, dos que tem caráter flexível demais - sempre moldando as coisas conforme seus benefícios. Estou cansada de ser hipócrita, atriz, subserviente a coisas que me ensinaram como certa, mas que nunca concordei, cansada de quem tenta me convencer a ser diferente, a ser menos para me igualar à maioria. Cansada de não fazer parte da multidão, de parar e pensar o tempo inteiro. Cansada de ter um cérebro, cansada de querer desistir, cansada demais para distinguir.

            Mas “se eu fosse a primeira a voltar pra mudar as coisas que fiz, quem então agora eu seria?”...

Cansada da inveja que se camufla em amizades que talvez nunca tenham tido uma existência real. Da inveja que se esconde atrás de uma intenção, de uma desculpa de defender, mas que de boa nada tem, como toda inveja na minha opinião não tem, e me desculpem aqui os defensores da tal “inveja boa”, que é o maior engodo que eu já vi! Cansada de me policiar para não divulgar minhas conquistas, alegrias e prazeres, porque despercebida como eu sou não noto que isso incomoda os outros e muito! Cansada de gente que procura a quem responsabilizar. Pessoas que fogem dos problemas que elas mesmas criaram, das que fazem pouco-caso dos próprios compromissos, perdem prazos e não tem palavra. Cansada de quem acha que merece uma fatia maior do bolo porque conhece “alguém-que-conhece-alguém”. Gente que se acha espertinha e que se aproveita daqueles que não aspiram tanta inteligência assim. Dos favores que os outros acham que devemos. Cansada dos que parabenizam os medíocres e invejam os vencedores, cansada de sorrir para quem só está onde está por razões obscuras. Cansada de não enxergar de onde sai a maldade.

 Cansada de incontáveis “John armless” como diz o Henrique. Que estão presentes nas horas desfrutáveis, mas rapidamente se retiram quando algo os compromete.

Estou cansada de não ser egoísta, de me ferrar por levar tanto os outros em consideração. Muitos desses “outros”, que nem a unha do meu dedão encravado merecem, como diz o Vartinho... De aceitar sem oposição que as coisas caminham de um jeito porque assim tem que ser. Cansada da mediocridade, incompetência e da carência alheia.

Por aqui com as minhas desistências, com a minha preguiça, com todo potencial desperdiçado com todas as desculpas que arrumamos para fazer nada.  Estou exaurida da falta de planos, das coisas que me imobilizam, me prendem, me sufocam. Cansada de me cobrir, de encobrir, de me esconder, de calar, de falar demais, de me desculpar, de me explicar. De ser a primeira “a prever e poder desistir do que for dar errado.”

“Nem nos importamos, de tão cansados que estamos.”

Estou cansada dos cegos, dos surdos e aduladores. Exausta das pessoas que exaltam minhas qualidades como se eu não as conhecesse e me escondem meus defeitos como se eu também não os conhecesse.

            Um cansaço, um peso... Uma distância! Tudo que me soma e que me resulta. E “se o que eu sou é também o que eu escolhi ser, talvez deva aceitar a condição (aceitar com pesar os abismos). Vou levando assim, que o acaso é amigo do meu coração. Quando fala comigo... Quando eu sei ouvir...”

            “As ruas aquecem a urgência do agora. E como eu vejo, não há ninguém por perto...”

2 comentários:

  1. Pois é dear Fab's..... me identifiquei d+ neste protesto pessoal!!! O problema em questão é que as pessoas estão "automaticamente" legais demais, sorrindo demais, concoradando demais...e com verdade de menos!!! Isso tudo além de cansar, enoja mesmo. Mas é preciso vigiar! Vigiar com quem iremos dividir nossos momentos, sejam eles de alegrias ou tristezas. Infelizmente, nos dias de hoje, as pessoas chegam a surtar ao perceber que o "amigo" está bem...que está com um sorriso nos lábios... Percebemos isso facilmente quando estamos tristes por algum motivo! Sempre vem um e outro nos dizer: Não fique assim, vai passar...
    Mas estas mesmas pessoas são capazes de se alegrar nas nossas alegrias e vitórias?? Há!! NÃO! Não são, pois são escravos da maldita inveja. Então cabe a nós tratar a cada um como deve ser. E sempre vigiar. Existem SIM pessoas leais e amigas!! Mas infelizmente são a minoria. Então vamos estar sempre por perto de quem realmente nos quer bem. E jamais nos esquecer de que o amigo maior é Jesus Cristo que Deus sua vida por nós, por nossos pecados incontáveis e sem pedir nada em troca. Esse jamais nos abandonará, muito menos irá nos decepcionar. Ele nos ouve, nos guarda e livra do mal dia após dia. Então vamos todos os dias nos lembrar de agradecer à Ele por ter misericórdia de nossas vidas e por nos amar tanto. E por amor Ele se encarrega de afastar tudo e todos que nos queiram fazer mal. Deus tem O MELHOR para nós, bastar pedir, falar com ele...confiar, crer e esperar.... AMIGO MELHOR NÃO HÁ!

    Fab's ... livro perdeu pro meu "comentário" hein! Que Deus coloque um anjo ao seu lado para que te proteja em todos os dias da sua vida!! VIVA A SINCERIDADE!! VIVA A AUTENTICIDADE!!
    E QUE NADA NEM NINGUÉM NOS TIRE O SORRISO NEM A ALEGRIA DE VIVER. AMÉM!

    P.S: Embora já tenha dito, é sempre bom lembrar: És muito especial e rara. Faço questão de sua amizade! bjks...

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  2. Ai, ai, ai... Fabinha!!!! Só hoje tive oportunidade de entrar no seu blog e responder/comentar seu texto. Foi bom, por conta de poder observar, ainda que panoramicamente, o conjunto dos textos aqui postados. Este seu momento de mergulhar no abismo que separa seu ser do "mundo natural" dos "merdais" - em que as pessoas são ultra previsíveis e as coisas já estão dadas - realmente sufoca a inteligência e enche muitiiiisimo o saco! O cansaço pega para valer.

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