terça-feira, 27 de dezembro de 2011


Acabo de assistir Amor sem Escalas (Up in the Air). E o que tenho para dizer a respeito, é que este filme trabalha elementos que fazem com que ele não seja o momento mais agradável de nossas vidas.

             Não me entendam mal, não estou afirmando que seja chato. Tem humor nas situações inusitadas e momentos emocionantes sobre o significado das relações e como é sentir-se conectado a alguém. George Clooney interpreta Ryan, um consultor responsável por demitir funcionários que as empresas não têm coragem de dispensar. Sem laços com as irmãs e fazendo o tipo solteirão convicto, passa boa parte de seu tempo em aviões, aeroportos e hotéis.

Como espectador, é angustiante ver que Ryan realmente acredita no que diz: relações humanas não passam de peso na mala que impedem a agilidade da vida.

            Ele é o fruto da contemporaneidade: envolvimentos efêmeros, velocidade como um valor supremo e conexões humanas vazias. É melancólico observar que o único lugar que Ryan se sente conectado é justamente onde todos estão juntos, mas completamente separados – aeroportos. Suas experiências na estrada serviram também de inspiração para uma palestra motivacional para outros executivos. Nela, Ryan prega que você deve viver apenas com aquilo que não é um peso em seus ombros, deixando de lado até mesmo família, amigos e casa.

O filme equilibra entre o humor e a dor. E esses são os elementos utilizados pelos diretores para começar a mostrar os sentimentos escondidos (ou deveríamos dizer controlados?) de seu protagonista.

Todos estes pontos levam ao mesmo caminho: o excelente roteiro que, em alguns momentos, parece que vai cair no clichê 'só o amor constrói' mas dá uma rasteira no espectador, surpreendendo especialmente nos instantes finais. E diante de um roteiro tão primoroso, o elenco abraçou cada diálogo com vontade, sobressaindo em boas atuações.
Corajoso e autêntico,  Amor sem Escalas não cai em ciladas para agradar ao público. Seu protagonista é um cara que não pensa em casar, nem em ter filhos muito menos em assumir um compromisso real (de acordo com os padrões da sociedade), porque o real dele é cada um na sua. Ele não se preocupa em comprar uma casa, ter bens, nada. Ele não quer se comprometer e não faz a menor questão que as pessoas gostem dele. E todo mundo questiona esse jeito tão peculiar, aparentemente solitário, mas que foi uma escolha dele. E a vida é feita de escolhas, não? Simples assim.

2 comentários:

  1. Realmente, a vida é feita de escolhas...e o que importa, no final das contas, é estar feliz, independentemente de opiniões alheias!

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  2. As pessoas pregam a liberdade de escolha, mas elas vivem escolhendo o que os outros devem fazer/pensar. De certa forma, todo mundo está querendo é saber o mistério de pessoas como esta do filme, que fogem dos padrões e ainda assim são felizes - ou vivem tão bem quanto as outras.

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