“Você não sabe a sorte que tem por ser um macaco. Porque a consciência é uma maldição terrível. Eu penso, eu sinto, eu sofro”.
Craig Schwarts – “Being John Malkovic”
“Sei que esse filé não existe, que a Matrix manipula meu cérebro enviando sinais elétricos e me diz que sabor ele tem. Mas quer saber? A ignorância é uma benção”.
Cypher – “The Matrix”
As Aventuras de Petit Foucault – Parte II
Vivendo as Bênçãos da Ignorância e da Falta de Consciência
Dia desses Petit Foucault se viu pensativa. O que não era novidade alguma. O que a incomodava na verdade não eram as inquietações em si, mas o por que tinha que sempre parar, pensar e analisar tanto! Parecia estar cansada de ter um cérebro. Sentiu uma vontade profunda de que sua cabeça fosse acoplada ao pescoço por um mecanismo de rosca e que todas as vezes que momentos como esse acontecessem, pudesse simplesmente desrosquear, colocar aquela cabeça pensante bem distante e descansar!
Permitindo-se ter pensamentos viajantes, mas também reconhecendo a impossibilidade da maioria de seus desejos, recorreu ao que sabia fazer de melhor e que em certa medida lhe produzia um aquietamento – analisar, questionar, investigar... Analisou que estes momentos de inquietação, produziam antes de mais nada uma certa tristeza. Um pesar pelas coisas serem como são, por sentir como sente. E se perguntou se todas as pessoas sentiam assim também. Passou a desenhar exemplos daqueles que eram mais próximos e não demorou muito, percebeu que a maioria das pessoas a sua volta lhe pareciam felizes e satisfeitas com o que tinham, com o que eram e não desejavam muito mais da vida.
Levada pelos passos quase fatais da “maioria vence”, chegou a supor que então ela é quem deveria estar errada e que muito provavelmente era ela a grande vilã da história! Claro! – Só reclama, só questiona, só blasfema! Que pessoa mais inconveniente!
Porém, não sendo ela dada a momentos que são constituídos apenas de lamúrias, logo viu um fecho de luz naquilo tudo. Não que quisesse demonstrar ser a pessoa mais acrescida de conteúdos, mas tinha plena consciência de que muito daquele incômodo era formado pelas coisas que sabia e que as outras pessoas não. Pra que ficasse mais simples, seria como John Lennon dizendo: “a ignorância é uma espécie de benção, se você não sabe, não há dor”.
Petit começou a admitir que talvez pensar, enlouqueça! E há tempos essa questão debate no trapézio de seus pensamentos. Pensou que talvez ignorar todas as engrenagens que movem as sujeiras desse mundo seja a condição imprescindível para ser feliz, e que o ideal talvez seja ser alienado. E já que considerou o mundo dos alienados um mundo abençoado, concluiu que talvez não passe mesmo de uma amaldiçoada.
E há fontes quentíssimas que comprovam: “Porque no acúmulo de sabedoria, acumula-se tristeza, e quem aumenta a ciência, aumenta a dor”. (Eclesiastes 1, 18)
Continua...
Cara Petit,
ResponderExcluirImagino eu que se as pessoas da Alienolândia lessem, diriam: "Tadinha, tá fazendo uso de tóxicos!", "Tão novinha e já precisa de Prozac!"
E como diria Shakespeare: "A política está acima da conciência."
Por isso há tantos agentes duplos no nosso meio, es decir, jogo no A e no B, porque o que me importa é estar bem com todos e receber muitos elogios ou ter muitos "amigos" lambendo meu saco, pq, afinal de contas eu tenho uma piscina na minha casa.
Cara Pimienta,
ResponderExcluirA cada dia sinto, que há muito mais figuras para se temer além do nosso conhecido e tão comentado Papai Noel...
Obrigada pela visita e pelos comentários precisos!
Beijo!